Fatos

18:32 Kamila Siqueira 1 Comments

22/01/2010

Fui até a janela e olhei para o dia lá fora. Era uma tarde de verão e o céu estava bem azul. Mas não era para o céu que eu queria olhar.
Ele estava lá fora, parado a poucos metros de distância, de costas para mim. Eu o observei enquanto ele observava as flores. As mãos nos bolsos, a camiseta branca, o sol forte batendo nas costas. Não disse e nem fez nada, mas tenho quase certeza de que sabia que eu o observava. Eu quis chamar o nome dele, quis começar uma conversa qualquer só para ter seus olhos focados nos meus, só para ouvir aquela voz falando comigo. Mas não fiz nada. De que iria adiantar? Seus olhos não iriam encontrar nos meus o que eu encontro nos dele, sua voz não iria dizer nada daquilo que eu queria ouvir. E não havia mais nada que eu pudesse fazer para mudar os fatos. Eu só podia observá-lo. Tão perto e ao mesmo tempo tão longe de mim...
Ele afastou algumas folhas secas das flores bonitas. Eu olhei para o céu, tão claro e tão bonito, e perguntei por que as coisas tinham de ser como são.
Até hoje não encontrei a resposta.

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Pequenas verdades

17:43 Kamila Siqueira 1 Comments

12/01/2010

- E você, também tem a sensação de que está andando em círculos?
Ele suspirou antes de responder.
Desviou os olhos porque era dia e só conseguia falar sobre coisas sérias se estivesse protegido pelo escuro. Os olhos encontraram o céu, um azul infinito.
- Acho que sim. Mas não me importo. Quando não há caminhos para se seguir, pouco importa a direção em que se caminha.
Deu um sorriso triste, sem desviar os olhos do céu. O silêncio permaneceu por um tempo, mas ela ainda precisava falar.
- Eu não quero andar em círculos.
- Você não pode evitar.
- Claro que posso.
- Não pode, andar em círculos é o caminho natural do ser humano. Pelo menos é o que me parece. As pessoas sempre acabam repetindo o passado. Os mesmos erros e acertos, as mesmas alegrias e decepções. Alguns detalhes mudam, mas a história é sempre a mesma. - A claridade do sol começou a incomodar seus olhos e ele os fechou. Percebendo que assim era ainda mais fácil falar, continuou - Mas as pessoas gostam de fingir que mudaram. Gostam de se enganar e de tentar enganar os outros. É até compreensível.
- Por quê?
Antes de responder, os olhos dele finalmente encararam os dela.
- Porque a vida é feita de pequenas ilusões.
Silêncio.
Desta vez foi o olhar dela que se desviou para o céu. Preferiu não dizer mais nada e fechou os olhos para o sol, como se assim pudesse fechar os olhos para a verdade.

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Ano... Novo?

17:53 Kamila Siqueira 1 Comments

04/01/2010

Os novos dias chegaram.
Limpei algumas gavetas, joguei alguns papéis fora, arrumei espaço para novas coisas. Comecei a planejar o futuro próximo e a sonhar um pouquinho. Estou evitando criar metas improváveis e estou tentando afastar o medo. Tudo o que não for necessário vai embora. As coisas boas ficam. Algumas coisas posso adaptar, reaproveitar, mudar. Essas também ficam. Tudo o que for inútil vai para o lixo.
Por enquanto, estou indo bem.
Mas ainda tenho uma dúvida: O que faço com o amor que ainda existe e que não deveria existir? Coloco em uma caixinha e jogo fora também?

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