Pedras

19:48 Kamila Siqueira 2 Comments

23/02/2010

É que esse pedaço da estrada em que estou representa o começo de um caminho e este exato lugar em que estou parada pode determinar o restante do caminho inteiro. É por isso que não queria que houvesse uma pedra aqui. Bem aqui. Se fosse no resto do caminho, tudo bem, eu me livraria dela. Passaria por cima, chutaria pra longe, sumiria com ela. Mas aqui... Aqui não dá. Aqui não pode haver pedra. Eu preciso caminhar com tranquilidade agora, sem tropeçar. Se eu cair, não vou conseguir me levantar. Estou dizendo, não vou. Eu não posso cair, não agora.
O tempo está passando. Daqui a pouco vou descobrir com o que estou lidando. Não vai demorar muito e isso me assusta. Torço para que o caminho seja plano, para que eu consiga enxergar o horizonte e para que tudo dê certo. Torço para que eu não consiga parar de sorrir enquanto ando por este caminho.
Torço para que não exista pedra alguma.

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Mais um fim

19:19 Kamila Siqueira 3 Comments

13/02/2010



Eu poderia dizer um milhão de palavras bonitas só para preencher este silêncio vazio que pede resposta. Mas não direi, não desta vez. É melhor me calar porque talvez, se ninguém falar mais nada, aquele ponto final possa realmente significar um fim. Pela primeira vez, um final de verdade. Um fim e depois nada, só o silêncio da noite e o frio do inverno.
Mas não era isso que eu queria. É claro que não. Quem é que quer presenciar o último suspiro, a última tentativa frustrada? Quem é que quer ver a morte das coisas, a esperança indo embora, os pedaços do que restou sendo jogados fora? Ninguém gosta de dar um fim em tudo, mas é isso que a gente faz quando alguém diz que tem que acabar. A gente coloca um ponto final. Depois, ironicamente, a vida multiplica o ponto e o transforma em reticências. Terminamos com tudo, mas a vida não. Não existe mais nada senão um vazio profundo, mas a vida dá mais tempo. E o que faremos com o tempo interminável que existe depois do fim? Eu não sei.
Não existe mais nada.
E isso nunca acaba.

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