Quando dançávamos
11/01/2014
(...) E você dançava tão bem! Quando o professor mandava trocar os casais, eu te observava dançando com as outras e não sentia ciúmes, sentia orgulho. Você ficava tão bonito pra lá e pra cá no salão, contando os três tempos do ritmo da música, fazendo tudo direitinho, tão homem, tão bonito. E eu dançava com os outros cavalheiros - porque era assim que o professor chamava todos os homens - mas eles não conduziam como você, eles não sabiam me levar como você, eles eram inseguros e desajeitados. Você era seguro, firme, me mantinha firme nos seus braços, me segurava na hora certa depois do giro, lembra quando o professor dizia que o cavalheiro tinha que saber quando pegar a dama depois do giro porque ela só deveria parar de girar depois que sentisse a mão direita dele em sua cintura? Agora eu estou girando e girando e girando pelo salão da vida e não sinto suas mãos me resgatando e me puxando para si de novo, não sinto você aqui, não vou conseguir parar de girar até sentir você, mas você não vai voltar. Você não vai me resgatar do giro. Quem vai me resgatar agora? Ninguém.