Desalinho

15:54 Kamila Siqueira 0 Comments

25/02/2017





   Eu tô no meio da bagunça do meu quarto, de livros, papéis, chocolates, bolsas e um batom vermelho, descobrindo que preciso abrir espaço pra ti.
   Eu ando tendo medo de novo. De coisas que já me eram passado antes de você se fazer presente, de coisas que eu já havia me esquecido, de coisas que eu não sabia que ainda estavam aqui, enterradas sob essa bagunça. Eu ando me escondendo. Sem querer, debaixo da neblina dos dias frios, debaixo da rotina do dia a dia, debaixo das risadas que dou. Eu ando me cobrindo de coisas concretas para não encarar as incertezas dos espaços vazios. Eu ando construindo um muro.
   Muros não são bons. Não me parece tão fácil abrir espaço para que os blocos de concreto sejam substituídos pela intimidade, mas me parece extremamente necessário. Eu não quero que se vá. E eu sei que quem caminha e dá de cara com um muro de concreto, em algum momento se vai. Teu espaço tá aqui, eu sei que está. Eu juro que está. Eu só joguei um monte da minha bagunça por cima porque me sinto segura com toda essa tralha, meus textos, minhas músicas, minhas manias, meus pensamentos, minhas coisas, minha vida. Só que eu não quero ser só minha para sempre. E é tão difícil saber até que ponto devo abrir espaço e deixar-te tomar conta de um canto, até que ponto é seguro e se realmente deve haver um ponto. Eu tô meio perdida nessa desordem, confesso. Eu tô meio dispersa da superfície, me escondendo bem lá dentro de mim mesma. Mas eu juro - eu juro - que vou organizar todo esse auê dentro do peito, que vou colocar a corda bamba de lado e que vou gerar o espaço para que tudo germine de fato. Eu prometo.


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