Um pedido sincero, a todos.

00:33 Kamila Siqueira 2 Comments

03/09/2012

Por favor, não me peçam para ser forte.

Digam qualquer coisa, ofereçam qualquer conselho, mas não me digam para ser forte.
Eu já não consigo mais. E não acho que preciso.
Sinceramente, com tudo isso o que estou passando e sentindo, o mínimo a que tenho direito é de não ser forte. Pelo menos por agora, pelo menos enquanto tudo isso está acontecendo, me deixem chorar. Me deixem entrar em desespero, me descabelar, dormir tarde de tanto chorar e pensar, esquecer de lavar os cabelos, pular uma ou duas refeições, cometer erros gramaticais. Por favor, não me obriguem a fingir que estou bem.
Eu não sei porque estou passando por isso. Talvez seja apenas as consequências de algumas escolhas que fiz no passado. Não me arrependo de nenhuma delas. Eu escolhi estar lá, não importa o que acontecesse. Escolhi me dedicar. Eu escolhi ajudar o máximo que eu conseguisse, sem medir as consequências que isso poderia trazer para mim. Eu escolhi o que qualquer pessoa que diz sentir amor deveria escolher.
Então, por favor, não me condenem por chorar. Não me condenem por chorar nas ruas, na janela do ônibus ou em frente ao hospital. Eu tentei não chorar quando vocês me pediram. Quando uma mão amiga me deu um copo de água com açúcar. Quando aquela outra, que mal conheço mas que sabia de tudo, colocou meu cabelo atrás da minha orelha, olhou bem dentro dos meus olhos e perguntou: você está bem? E quando todo mundo dizia "está tudo bem agora, vai ficar tudo bem a partir de agora". Eu tentei não chorar, mas nem sempre consegui. Por favor, não me julguem.
E não me condenem pela culpa que eu sinto. Vocês, se estivesse no meu lugar, também se perguntariam todos os dias se isso aconteceu por algo que você fez. Se você poderia ter evitado. Se isso voltará a acontecer caso você escorregue em algum lugar de novo. Não me condenem por sentir que está tudo em minhas mãos.
E já que está tudo em minhas mãos, já que eu tenho tantas responsabilidades, novamente eu peço: não me peçam por força. Eu consigo carregar essas responsabilidades porque eu escolhi carregá-las. Porque é o que eu quero fazer. Mas carregar tudo isso e ainda ser forte, não sei se consigo. Então, por favor, procurem entender quando eu me desespero. Não me condenem por ser humana.
E, se eu tomar alguma decisão que não está de acordo com os seus pensamentos ou sua lógica, não me julguem. Eu faço o que meu coração diz que é melhor, por mais clichê que isso posso soar. Não foi fácil ver tudo o que vi e passar por tudo o que passei, então, ao menos que você também esteja passando por algo parecido, não julgue minhas decisões.
O pior poderia ter acontecido. Não aconteceu, eu sei. E eu sei que as coisas estão melhorando. Mas, até que tudo esteja bem, até que tudo esteja realmente bem, eu ainda quero me deixar ser frágil um pouquinho.

Obrigada por tudo.

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Na linha do trem

00:47 Kamila Siqueira 0 Comments

02/07/2012



É assim que eu vivo.
Como se estivesse andando na linha do trem, podendo ser surpreendida por uma máquina feroz a qualquer momento. Sei onde quero chegar. Ainda não consigo ver nada além dos trilhos, mas sei para onde estou caminhando. Não tenho medo de chegar, não sinto nervosismo algum. Mas tenho medo do que posso encontrar no meio do caminho.
Ando devagar para não me desequilibrar. Se eu errar, se eu der um passo em falso, vou cair. E sabe-se lá o que pode acontecer se eu cair. Sabe-se lá quem ou o que pode passar por cima de mim. Não sei nem mesmo se terei forças para me levantar, se terei onde me apoiar, não vejo nada senão a enorme corda bamba que tenho pela frente. Não tenho o direito de errar. Não desta vez.
Às vezes bate o desânimo, quando percebo que o caminho a seguir ainda é longo. Sei que já caminhei bastante, mas não olho para trás. Se olhar, corro o risco de me desequilibrar e cair.
Também existem aqueles que não entendem. Que não apoiam. Que não conseguem ver que uma linha de trem não é apenas uma linha de trem, que andar sobre ela não é um passatempo, que não é tão fácil seguir em frente dessa forma. Tento explicar. Tento mostrar o meu ponto de vista, mostrar porque estou indo por este caminho. Mas eles não ouvem. São cegos, surdos e falam mais do que deveriam.

Dá vontade de pular dos trilhos.

Mas eu continuou andando. Um pé na frente do outro. Um pé. O outro. Um pé. O outro.
Sem pressa, sem pressa.

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Escolhas

00:33 Kamila Siqueira 1 Comments

25/02/2012


 Nunca fui boa em fazer escolhas. Sempre fui do tipo de pessoa que escolhe a casquinha sabor mista para não ter de decidir entre baunilha ou chocolate. Mas às vezes a vida me encurrala em um beco e a única maneira de sair dali é escolhendo um caminho.
Abrir mão. Por que tem que ser tão complicado? E quando se tem um certo complexo de culpa, esse tipo de coisa se torna ainda mais difícil. Qualquer que seja a minha escolha, sentirei que fiz algo errado, que machuquei alguém. Eu não sei fazer isso. Não sei como sentir o que é melhor, o que devo fazer. Não tenho nada para me guiar. Estou sozinha com uma bomba em minhas mãos, prestes a explodir, com todos esperando que eu corte o fio. Mas se cortar o fio errado...
Every step that you take could be your biggest mistake.
Como é que a vida pode me colocar em uma situação dessas e esperar que eu saiba exatamente o que fazer? E se as consequências não forem as que eu imagino? E se tudo for pior, bem pior? Não sei qual é o tamanho das minhas escolhas.
Eu só queria encontrar o caminho para aquela pontinha de felicidade que me sorriu um dia. Será que é verdade que um dia, inevitavelmente, ela me encontrará?
Será que a gente pode encontrar o caminho certo mesmo através de escolhas erradas?

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O que é para sempre

00:53 Kamila Siqueira 0 Comments

05/02/2012


 Tem vezes que dói viver.
Dói pelas coisas que acontecem quando não queremos que aconteçam, dói pelas coisas que não acontecem quando queríamos que acontecessem. Dói pelo que está dentro da gente. Mas algumas vezes, no meio disso tudo, a gente encontra uma coisinha pequena, singela, que faz tudo desaparecer. A gente encontra os amigos.
À vezes eles nem sabem que a gente precisa deles, que eles têm que estar lá, naquele momento. Mas simplesmente estão. E às vezes a gente nem está planejando sorrir, mas não dá para resistir àquelas risadas tão gostosas e sinceras. A gente acaba esquecendo de todo o resto. E quando o resto volta à memória, percebemos que os problemas não são tão grandes assim, que nós somos maiores que eles, porque nós não estamos sozinhos. Nós temos uns aos outros. E nós não precisamos nem dizer isso, alguma coisa dentro da gente já nos diz. Alguma coisa nos faz perceber quem sempre estará lá, quem sempre teremos por perto. Mesmo se houver alguma distância física.
Eu sei que ainda vou tropeçar na vida muitas vezes. Não tenho o controle sobre tudo - e nem quero ter, diga-se de passagem. Algumas vezes não vou aguentar a pressão. Vou sucumbir, vou cair. Mas eu sei, hoje mais do que nunca, que tenho onde me apoiar para me levantar. Tenho onde me segurar para que a queda não seja tão grave. Tenho em quem confiar.
E eles também sempre poderão contar com as minhas mãos para se levantarem. Sempre, sempre.

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