Potinho

22:28 Kamila Siqueira 0 Comments

12/12/2013

Se a felicidade fosse algo palpável, algo que eu pudesse segurar em minhas mãos, eu não a exibiria como um troféu, como tanta gente gosta de fazer.
Eu a guardaria em um potinho.
E o daria a você.

Se você tivesse um potinho de felicidade sempre com você, eu não precisaria de mais nada para ser feliz.

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Sabe o que é isso?

01:13 Kamila Siqueira 0 Comments

14/09/2013

Sabe o que é isso?
É quando você começa a gostar dos domingos. Dos dias de sol. É a única coisa que te faz reunir um pouquinho de coragem para sair da cama quente em um dia frio e enfrentar o vento gelado lá fora. É dar as mãos porque não existe mais como caminhar sem dar as mãos. É sentir que o coração só acerta o compasso quando aquele calor está ali. É não saber o que dizer e, ao mesmo tempo, sentir-se à vontade para dizer qualquer coisa. É confiar ao ponto de não preocupar-se em ensaiar um diálogo antes de um telefonema e não ter vergonha de admitir que não entende algo. É não fingir.
E como poderia fingir? Não consigo nem mesmo manter-me sob meus habituais escudos. Eu perco meus escudos, minhas defesas. É isso que isso faz com a gente, é isso. É desarmar-se. A gente perde as armas que costumamos empunhar diante do mundo. E a gente faz por querer, a gente entrega as armas e se despe de qualquer coisa até que tudo o que reste seja as nossas almas nuas. E a gente faz isso sem medo, a gente salta por cima de um abismo e ainda sorri, sem ter consciência do quanto a queda seria dolorosa se algo desse errado. A gente não pensa que algo pode dar errado. Não, vai dar tudo certo. Tá dando tudo certo. E se a gente cair, a gente cai rindo e se levanta rindo, apoiando-se um no outro. E já está tudo bem de novo, daqui a pouco a gente já está dançando lá no alto de novo. É isso, é a certeza de que tudo é tão bonito e que se não está, será. É tão bonito que não cabe. Nem no peito, nem nas palavras.
Chame de amor, se quiser. É isso.

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Inexorável

23:25 Kamila Siqueira 0 Comments

07/08/2013


A questão é que eu nunca te deixaria para trás e você jamais entenderia isso. Eu nunca te deixaria. E não é por escolha, é por uma espécie de necessidade inexorável. Mas não é uma necessidade minha de ter você, não é isso, não é egoísta assim. Eu posso viver sem você. Já não vivi antes? Não, essa necessidade é outra. É a necessidade pura e simples de não te abandonar.
Eu não sei porquê. Simplesmente sinto que preciso continuar, por mais difícil que isso possa ser. Por mais pedras que possam surgir, eu sei que encontrarei um trecho livre no caminho para passar. Por mais que eu ache que não esteja pronta para enfrentar, eu enfrentarei.
A sua opinião é diferente e isso não me deixa surpresa. Você acha que talvez eu deva ir um dia. É que você não enxerga tão longe quanto eu. É que você acha que só existe este presente e que ele é imutável, mas eu sei que logo mais o futuro vai se transformar em presente também e que as coisas mudam. Eu sei porque já estive mais na frente, onde você ainda vai chegar. Onde eu quero que você chegue.
Talvez eu esteja ao seu lado justamente por isso: porque sei onde você precisa chegar e temo que desvie do caminho se eu não estiver guiando. Mesmo que eu precise guiar de longe, sem que você tenha consciência. Mesmo assim.
De vez em quando dói e apenas nesses momentos eu questiono o que me leva a continuar. Não ouso usar a palavra amor. Sei que não é só por amor. É algo antes do amor, algo muito menos egoísta e muito mais instintivo e humano. Não sei o que é, não sei como chamar isso que me impulsiona para frente. O que sei é que é inevitável, então não questione, apenas aceite. Não vou largar da tua mão.

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Levante-se.

15:19 Kamila Siqueira 0 Comments

07/07/2013


Será que faria alguma diferença se eu te dissesse que é normal sentir medo agora?
E se eu disser que entendo e que você não é o único que está com medo? Será que você me ouviria?
Respire. Acalme-se. Eu sei que tudo o que está acontecendo é pesado demais para ser processado. A gente acha que precisa de um tempo para parar e respirar. Respirar. Só isso. Mas às vezes parar e respirar pode ser pior. Porque, sem perceber, nós estendemos esse tempo ao infinito simplesmente porque não queremos enfrentar o futuro. Às vezes é melhor respirar fundo uma única vez, prender a respiração e mergulhar. Já pensou nisso? Não, nós evitamos pensar nisso. Não queremos nos mexer porque não sabemos o que está por vir e isso nos assusta. Mas o futuro é assustador mesmo. O mundo é assustador e parece muito mais seguro não sair debaixo das cobertas nunca mais na vida. Mas a gente não pode viver assim para sempre.
Eu sei que é difícil aceitar o que está por vir. Sei que parece muito mais sensato fugir e não olhar para frente nunca mais. Parar no tempo. Estagnar. Mas pense: o que seria do mundo se ninguém enfrentasse o medo do novo e estagnasse no presente? A gente ainda estaria vivendo em cavernas.
O que eu quero dizer é que, apesar de ser assustador, o que está por vir pode ser fantástico. Se você decidir se levantar e enfrentar, mesmo que seja aos pouquinhos, uma pequena batalha por vez, coisas maravilhosas podem acontecer com você. Sua vida pode virar de cabeça pra cima. Eu sei disso porque foi o que aconteceu comigo.
Acho que se eu te dissesse tudo isso, você responderia que tudo o que eu digo é uma grande bobagem. E talvez seja mesmo. Talvez eu só diga bobagens e não saiba de nada mesmo. Talvez eu esteja repetindo as mesmas palavras há anos e ninguém mais queira me escutar. Mas pode ser que eu esteja certa. E se uma pequena parte de você acreditar em mim, se uma fagulha do seu ser pensar seriamente em tudo o que eu disse, já valerá a pena eu ter arriscado falar. Porque eu tenho medo de te dizer tudo isso. Mas e se eu enfrentar o medo e algo maravilhoso acontecer?

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No momento, o número chamado encontra-se desligado.

01:06 Kamila Siqueira 0 Comments

18/01/2013

Às vezes eu só queria conversar, sabe? Conversar um pouquinho, sobre qualquer coisa, só para me distrair. Não é nada, não tem nada acontecendo. Eu tô bem. Sério, eu tô legal. Só queria conversar, só isso.
É que às vezes o mundo sufoca. Sufoca ter que pensar no futuro e esquecer o passado, sufoca saber que algumas coisas ruins virão, não porque a vida é ruim, mas porque o mundo não é feito só de coisas boas. E a gente tem que aprender a lidar com os problemas e eu já estou bem grandinha para resolvê-los sozinha, não é mesmo? Ou ao menos deveria ser.
O medo me sufoca. Medo de não conseguir viver o que eu quero viver, medo de não conseguir ter o que eu quero ter, medo de não conquistar o que eu quero conquistar. Medo. Medo do futuro, dos reflexos do passado, de segurar o presente como um balão cheio d'água, prestes a estourar em minhas mãos. Eu quase posso sentir a água escorrendo por entre meus dedos. Não quero que isso aconteça. E tenho medo.
E aí no meio da noite, surge essa sensação sufocante que eu não queria sentir, que eu já senti tantas vezes e não queria sentir nunca mais na minha vida, surge essa ânsia e esse desespero por ar porque eu não consigo respirar, surge essa angústia no peito que não consegue sair para fora, surge isso, surge tudo isso e... 
E eu só queria conversar. Não sobre o meu medo, nem sobre o passado ou o futuro. Também não quero falar dos problemas. Eu só queria conversar um pouco. Sobre qualquer outra coisa. Qualquer coisa mesmo. Não me olha com essa cara. Não é drama, eu tô legal. Juro. Só queria conversar. No meio da madrugada, eu só queria conversar.
Mas tudo o que eu ouço o telefone dizer é "No momento, o número chamado encontra-se desligado ou fora da área de cobertura."
Dói um bocado.

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